Moments de crise- MOMENTOS DE CRISE portuguesa

MOMENTOS
DE CRISE

Gil Caroz

Uma hipótese: o florilégio de grupos
psicanalíticos que constitui a NLS detém um saber
sobre «a crise» que seria interessante pôr em
evidência. Considerando a crise como sendo um dos
significantes-amo do nosso tempo, e como tal uma forma
de nomear o real, a panóplia de países que abrange a
nossa escola pode ensinar-nos sobre uma série de modos
de relação com o real. Entre Israel, país em crise
permanente, e a Suíça, que parece evitar todas as
crises, a Grécia e a Irlanda tornaram-se os signos da
crise na Europa, a Grã-Bretanha e o Canadá são os
precursores da crise do cientismo e da tecnologia, a
Bélgica é o lugar de uma crise linguística, a Ucrânia
é sacudida por crises de um Estado que tem
dificuldades em impor-se como tal, e fico-me por aqui…

O significante «crise» reenvia
etimologicamente a um momento crítico onde as coisas
balançam, assim como a um julgamento em torno de uma
decisão a tomar. Este significante foi adotado pela
medicina desde o tempo de Hipócrates para designar uma
fase da doença em que os sintomas se manifestam de
forma violenta. Mais tarde, o termo «crise» encontrou
muito naturalmente o seu lugar na psiquiatria e
infiltrou-se com facilidade nas dimensões do Outro que
chamamos o político, o social, a economia, a história,
a moral. Hoje, este significante faz parte da língua
comum.